Inundação, enxurrada e alagamento

Uma vez que o clima predominante no Ceará é o tropical quente semiárido, caracterizado pela baixa umidade e pouco volume pluviométrico médio anual, os eventos adversos mais recorrentes são as estiagens e secas, especialmente no segundo semestre do ano. Mas não são os únicos.

Vários sistemas atmosféricos atuam no Ceará, sendo que o de maior importância é a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), responsável pelo estabelecimento do período chuvoso no estado, com maior intensidade nos meses de fevereiro a maio.

Nesse período podem ocorrer chuvas intensas e concentradas, que são eventos adversos dos quais podem resultar desastres hidrológicos, como inundações, enxurradas e alagamentos.

 

Inundações

As inundações são caracterizadas pela submersão de áreas fora dos limites normais dos cursos de água, isso em zonas que normalmente não se encontram submersas.

O transbordamento ocorre de modo gradual, geralmente ocasionado por chuvas prolongadas. Dessa forma, a área afetada pela inundação é geralmente extensa, sendo comum sua permanência por semanas e, às vezes, até meses.

Os registros de inundações no Ceará concentram-se nas áreas próximas ao grandes rios, tais como o Acaraú, o Coreaú, o Jaguaribe, o Maranguapinho e o Salgado.

Veja a cartilha de orientações da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil / MDR.

 

Enxurradas

Enxurradas configuram-se pelo escoamento superficial de alta velocidade e energia, provocado por chuvas intensas e concentradas (em poucas horas), normalmente em pequenas bacias de relevo acidentado.

Apresenta grande poder destrutivo devido à elevação súbita da vazão e o consequente transbordamento brusco da calha fluvial.

É comum atingirem áreas menos extensas que as afetadas pelas inundações e permanecerem por curtos períodos (algumas horas).

Veja a cartilha de orientações da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil / MDR.

 

Alagamentos

Os alagamentos resultam da extrapolação da capacidade de escoamento de sistemas de drenagem urbana e consequente acúmulo de água em ruas ou outras infraestruturas urbanas, em decorrência de precipitações intensas. Ou seja, os alagamentos ocorrem por causa da drenagem inadequada e não por causa da chuva em si.

Os alagamentos são intensificados pela impermeabilização do solo (ruas pavimentadas), adensamento das edificações (construções muito próximas às outras) e acumulação de detritos no sistema de drenagem.

Os alagamentos são muito comuns em grandes cidades, especialmente onde há acúmulo de lixo nos bueiros, o que impede o escoamento da água.

Veja a cartilha de orientações da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil / MDR.

 

Prevenção, mitigação e preparação

 

Algumas ações que o Poder Público pode tomar para, junto às comunidades, prevenir, mitigar ou se preparar para os desastres hidrológicos são:

– Identificar áreas suscetíveis a esses desastres e regulamentar o uso do solo para preservar essas áreas e não permitir sua ocupação;
– Construir diques de proteção das áreas habitadas ou barragens para acumular grande volume de água, a fim de liberá-la aos poucos posteriormente;
– Utilizar tecnologias de infraestrutura urbana capazes de reduzir o acúmulo de água das chuvas, como sistemas de drenagem, piscinões ou asfalto permeável;
– Desassorear e limpar os mananciais (rios, riachos, lagoas e canais);
– Estimular a colaboração da sociedade no sentido de preservar os recursos naturais e dar destino correto ao lixo;
– Elaborar planos de contingência para as principais situações de risco de desastres;
– Reservar equipamentos e suprimentos para situações de emergência;
– Desenvolver sistemas de monitoramento, de alertas e de alarmes de desastres; e
– Capacitar e treinar os órgãos públicos e a população, inclusive com exercícios simulados sobre como agir em situações de emergência.

 

Algumas medidas importantes para a população seguir antes ou durante chuvas mais fortes são:

– Desligue a chave geral de energia e feche o registro de água;
– Mantenha documentos pessoais, objetos de valor, produtos de limpeza e alimentos em local protegido, longe do alcance das águas;
– Leve o lixo para uma área fora do alcance da água;
– Coloque os objetos em um local alto, fora do alcance das águas; ou leve-os para um local mais seguro;
– Limpe a calha da casa, pois o acúmulo de sujeira poderá reter a água e causar infiltrações;
– Não deixe crianças brincando nas águas das ruas ou mananciais, pois elas podem ser levadas pela correnteza ou contaminar-se, contraindo graves doenças;
– Tenha um lugar seguro previsto (abrigo público, casa de parentes ou amigos), onde você e sua família possam se abrigar/alojar se tiver que sair de casa;
– Não atravesse áreas com correnteza de água, pois poderá ser arrastado, mesmo se estiver de carro;
– Caso precise passar com o veículo automotor por uma área alagada, mantenha distância do veículo à frente, avance em baixa velocidade, mantendo o motor sempre acelerado e acima do nível da água. Se o carro enguiçar, abandone o veículo;
– Se tiver que atravessar um ponto de alagamento a pé, utilize uma corda para maior segurança, pois podem haver bueiros abertos ou buracos encobertos pela água acumulada na rua;
– Avise imediatamente ao Corpo de Bombeiros Militar (fone 193) e ao órgão municipal de proteção e defesa civil (acesse AQUI os contatos) sobre as áreas afetadas pela água e solicite o auxílio necessário.

 

Algumas medidas importantes a serem tomadas pela população após chuvas mais fortes são:

– Veja se sua casa não corre o risco de desabar, faça essa análise durante o dia, quando há maior luminosidade. Observe se há trincas nas paredes, emperramento de portas e janelas, bem como rachaduras no solo;
– Raspe toda a lama e o lixo do chão, das paredes, dos móveis e utensílios e coloque o material a ser descartado para a limpeza pública;
– Lave e desinfete as paredes e os objetos que tiveram contato com as águas da inundação (pode-se usar 1 litro de água sanitária para cada 5 litros de água);
– Cuidado com os animais venenosos ao movimentar objetos, móveis e utensílios;
– Certifique-se de que não há fios desencapados antes de religar a eletricidade;
– Não beba água ou coma alimentos que tiveram contato com as águas da inundação; e
– Veja o que pode ser feito para a água não invadir a casa novamente, como um pequeno muro de contenção na entrada.